
Noções sobre ciclos e tempos litúrgicos
“Liturgia é uma ação sagrada, através da qual, com ritos, na Igreja e pela Igreja, se exerce e prolonga a obra sacerdotal de Cristo, que tem por objetivos a santificação dos homens e a glorificação de Deus” (SC 7).

As celebrações litúrgicas acontecem num determinado momento do dia, da semana, do ano, ou num momento especial da vida ou da história do povo. Seguindo os ritmos cósmicos e os ritmos da vida humana, do nascer ao morrer, as celebrações atribuem significado ao tempo e conferem sentido à vida.
O tempo cronológico, medido por horas, dias, meses e anos, é algo que amedronta, pois nos envelhece e dele não temos controle. Mas, como cristãos, herdeiros do povo judeu, aprendemos que o tempo que passa pode ser transformado em tempo de salvação (kairós), em páscoa, passagem da morte para a vida. Na história do povo de Israel, os “kairós” se identificam com as intervenções inesperadas de Deus, com momentos decisivos como o êxodo, o exílio, a volta do exílio e tantos outros êxodos e exílios... Para nós os cristão, a morte e a ressurreição de Jesus foi o grande kairós, a irrupção definitiva de Deus na plenitude do tempo, a grande surpresa de Deus no coração da história humana. À luz da ressurreição de Jesus, o tempo que passa é invadido pela presença amorosa de Deus que dá pleno sentido ao tempo presente.
A organização do tempo faz parte da estrutura simbólico-sacramental da liturgia, feita de sinais sensíveis (cf. SC 7). O sinal sensível é o tempo, ao qual associamos o mistério da páscoa de Jesus, de tal maneira que “o Ano Litúrgico goza de força sacramental e especial eficácia para alimentar a vida cristã” (Paulo VI).
A liturgia cristã faz memória dos acontecimentos da salvação, celebra ao mistério pascal de Jesus desde o nascimento até sua ascensão, ao longo do ano, seguindo três ritmos: diário, semanal e anual. Fazemos memória da páscoa de Jesus em determinadas horas do dia, em determinado dia da semana e em determinado tempo ou data do ano...
1.1 Ritmo Diário
No ritmo diário, há dois momentos que se destacam: manhã e tarde, segundo o movimento do sol que nasce e que se esconde, marcando o início e o fim de cada dia, o tempo do trabalho e do descanso. Ao sinal sensível do amanhecer e do entardecer, associamos o mistério central da nossa fé, morte-ressurreição de Jesus. O Ofício Divino (Liturgia das Horas) é uma referência para a oração cotidiana, reatando com a antiga tradição da Igreja de se reunir nessas horas do dia para fazer memória da páscoa.
1.2 Ritmo Semanal
No ritmo semanal, destaca-se o DOMINGO, páscoa semanal, dia de repouso e de meditação, não como preceito, mas como direito; dia de reunião, da escuta da Palavra de Deus e da Eucaristia. Com a presença do Ressuscitado e do seu Espírito, cada domingo é portador de uma nova luz no meio do nosso cotidiano sobrecarregado de trabalho, de compromisso, de tensões...
1.3 Ritmo Anual
No ritmo anual, destacam-se o ciclo do natal, o ciclo da páscoa e o tempo comum.
ü Ciclo do Natal: o ciclo do natal engloba advento, festas do natal e tempo do natal e faz memória da manifestação do Senhor em sua encarnação e em nossa história. Proclama que o Senhor vem, celebrando a memória de sua vinda em nossa humanidade. São quatro semanas de advento preparando o natal, com mais intensidade a partir do dia 15 (novena de natal); as solenidades do Natal, da Epifania do Senhor e da Mãe de Deus; as festas da Sagrada Família e do Batismo do Senhor.
ü Ciclo Pascal: o ciclo pascal engloba quaresma, tríduo pascal e tempo pascal para celebrar de modo mais intenso a caminhada pascal do Senhor e da Igreja. Na quaresma, as comunidades se preparam para a grande celebração pascal, dedicando maior atenção à Palavra, à oração e à solidariedade, sobretudo através da Campanha da Fraternidade. Esta caminhada culmina na vigília pascal, ponto alto do tríduo pascal. E a páscoa continua 50 dias, o pentecostes, compreendido como um só dia de festa. O domingo de pentecostes é o último dia do tempo pascal.

ü Tempo Comum: a páscoa é a mística que unifica todas as celebrações do ano. O tempo comum, sem negar o inédito das festas anuais, nos desafia a impregnar de páscoa o ano inteiro. Cada domingo do tempo comum tem a função de nos tirar da monotonia e reacender em nós a alegria da vida que vence a morte. Iniciando no dia seguinte à festa do Batismo do Senhor, o tempo comum vai até a terça-feira de carnaval. É interrompido pelo ciclo pascal e recomeça na segunda-feira depois de pentecostes até o sábado, véspera do primeiro domingo do advento.
ü Festas do Senhor e das Testemunhas do Mistério Pascal: há ainda as comemorações do Senhor, de Maria e dos Santos e Santas que ocorrem, sobretudo, no tempo comum:

















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Ø Verde – Tempo Comum
Ø Roxo – Quaresma e Advento
Ø Vermelho – Sexta-feira Santa, Pentecostes e Mártires
Ø Branco – Páscoa, Natal, Festas do Senhor, dos Santos e Santas
Ø Róseo – no 4º domingo da quaresma e 3º domingo do advento
Ø Amarelo – cor alternativa para a páscoa e o Natal
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